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  • Marcos Sarvat

2020 - Tempo de Solidariedade


Hoje enfrentamos uma crise capaz de nos sensibilizar à solidariedade. Muitos já vivenciavam essa empatia pelos necessitados em seu dia-a-dia, mas certamente não em número suficiente para impregnar sequer sua rua, seu bairro ou sua cidade – e muito menos a nossa nação.

Há décadas muitos de nós já se angustiavam nos hospitais e postos de saúde com a falta de condições para tratar de doentes, não de uma virose grave, mas de duzentas ou trezentas enfermidades graves, daquelas que torturam e matam. E a enorme impotência para oferecer o melhor se mostrava proporcional ao sofrimento das vítimas e à falta de percepção de políticos e de tanta gente letrada ou eleitora. E tudo segue (ou seguirá) igual, se não tomarmos de uma vez por todas a consciência da necessidade de seriamente mudarmos de comportamento.

Há que se perceber que a verdadeira Solidariedade se diferencia do estímulo à dependência e à mendicância porque quem se doa e se dedica ao outro deseja sinceramente que ele se desenvolva ou recupere, e (vital diferença!) incorpore novos valores para que o ciclo de pobreza e imprevidência seja eliminado.

Infelizmente essa é a grande diferença entre exigir divisão e trabalhar para a multiplicação. Entre dar o peixe e ensinar a pescar. Entre sentir inútil pena e exercer concreta compaixão ou piedade. Entre buscar a satisfação de se sentir superior pela gratidão de uma esmola e se sentir igual ao outro ao promover nele uma atitude cultural revolucionária e pacífica.

Aponto novamente a contradição dos que destacam que esse momento de pandemia seja uma boa oportunidade, (como toda crise acaba sendo), no caso, de externarmos máxima solidariedade. Esse tempo sempre foi todo dia, mas muitos não percebiam. Bem, o passado não importa, que fique distorcido na História, desde que enfim comecemos agora a agir diferente. Acordemos todos, e logo, para esse novo Tempo, que exige que cada cidadão perceba que cada gesto seu, ruim ou bom, destrutivo ou construtivo, assim como cada omissão, gera um impacto social.

E que todos percebam que o Estado não é um deus criador, mas apenas coleta a energia de um povo, de cada cidadão conforme suas possibilidades, e a organiza e aplica em ações efetivas para o bem-estar dos diversos núcleos desse mesmo povo, sejam pessoas, família, cidade, estado, país ou todo o planeta. Mas os governos não se movem, ao menos não na direção correta, sem ampla participação, que lhes oriente o foco para Educação, Saúde e geração de Trabalho.

Ou seja, enquanto desperdiçarmos nossas energias com tanta incompetência, ignorância, preguiça, imediatismo e populismo na escolha de prioridades, em atos individuais ou coletivos, continuaremos pedindo esmolas e não obtendo Solidariedade verdadeira.

Então, terei sido suficientemente claro? Talvez deva listar exemplos? Que tal combinarmos uma contrapartida justa? Todos nos ajudaremos ao máximo, além dos impostos escorchantes, nesse momento de caos, certo? E você, que tal:

1. Parar de eleger representantes que lhes mintam e deem umas vantagenzinhas espertas e pouco duradouras?

2. Parar de alimentar pastores de um rebanho celestial, quando aqui na terra seu filho ou vizinho pedem socorro?

3. Assimilar que os prazeres vêm depois que dor, fome e medo foram afastados – de você e da Sociedade? Assumir que a comemoração vem depois da construção, a festa depois da arrumação e todo prêmio vem depois da tarefa cumprida, e passar a lidar com o trabalho como sendo realização no capricho, e não punição.

4. Acordar para a realidade e entender que seus filhos são sua responsabilidade? Se apenas a sua vida é sua prioridade, não tenha filhos. Se deseja tê-los tenha quantos puder criar. O Estado, mantido por todos, tem muito a fazer para todos, além de cuidar do filho que você decidiu ter. Assuma-o e ame-o, dê limites e responsabilidades: forme um cidadão!

5. Se aplicar ou investir mais numa Escola Técnica do que na de samba? Atenção, sabemos que cultura, e música por exemplo, são importantes, mas deu para perceber agora o que seja mais importante do que tudo? Algo que tem que ser preparado logo para que possamos correr menos riscos e ser mais saudáveis, realizados e felizes, em tudo que nos interesse, numa comunidade realmente livre e solidária? Resposta: – Independência! Individual e coletiva. Ser ou se tornar capaz de sobreviver, tarefa bem mais fácil se for preparada e executada em conjunto. E agora, mais do que nunca! Um país do tamanho do Brasil, com tanto espaço, gente e recursos naturais, não precisava depender de uns irresponsáveis como os chineses para tanta coisa. Não, para se livrar de imperialismos, sem queixumes de vítima, basta que cada um de nós e todos juntos decidamos nos preparar, planejar e dedicar, e então saberemos que nossos filhos e netos não mais passarão(!) por vírus algum, seja físico, mental ou social!

Em suma, que tal cada um fazer a sua parte, se informar bem antes de opinar, e tratar de eleger e cobrar prioridades, pensando sempre no outro e no todo? Isto sim, simples assim, teremos tudo para este país dar certo!

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